quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cimento correto para a obra: Cuidados simples ao comprar, armazenar e utilizar o produto evitam problemas graves e desperdícios na construção


Mais de 50% dos 56 mi­­­lhões de domicílios brasileiros são construídos, reparados e reformados pelos próprios moradores, que contratam mão de obra e administram o processo. Os dados são da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Por consequência, as obras costumam ser marcadas por problemas de gestão e técnica construtiva. Muitas vezes o resultado é desperdício e um produto final mais caro, de baixa qualidade.

Um dos materiais que se torna o vilão dessa história é o cimento, não por falta de qualidade do produto, mas pela falta de cuidado na hora de comprar, armazenar e utilizar, mesmo quando está dentro das normas exigidas. O material está presente em todas as etapas da construção, da fundação à cobertura.

O mercado brasileiro oferece cinco tipos básicos de cimento, cada um com características específicas, que atendem de ma­­­neira mais adequada ao produto (concreto ou argamassa) e à finalidade. São eles: cimento portland co­­mum, composto, de alto forno, pozolânico e de alta resistência inicial. Eles se diferenciam, basicamente, na composição e grau de finura.
Deixar de utilizar o cimento correto implica em patologias, podendo ocasionar até uma queda. O diretor comercial da Itambé Ci­­mentos, Lycio Vellozo, explica que, em algumas situações, pode-se ter prejuízos estruturais, que prejudicam o desempenho do concreto. “Em pequenas reformas ou pisos externos residenciais, por exemplo, a utilização de cimentos de alta resistência inicial (de finura elevada, que permite desforma rápida), acarreta custos elevados e possibilidade de aparecimento de trincas e fissuras.”
Um exemplo comum de mau uso é de concretos dosados de forma artesanal, no qual as medidas de brita e areia são em pás e a água é adicionada sem qualquer critério. “Essa prática produz concretos com muita porosidade, baixa resistência e durabilidade reduzida, aumentando a necessidade de manutenção precoce”, diz Paulo Roberto Niebel, coordenador de desenvolvimento técnico da regional Sul da Votorantim Cimentos.
O cimento mais utilizado para obras comuns tem adição de pozolana (matéria-prima oriunda de termoelétricas). “Vários tipos atendem ao usuário comum, mas o pozolânico é o mais indicado, por ser mais lento nas reações químicas após a adição de água, ajudando a trabalhar melhor”, afirma o engenheiro Carlos Roberto Giublin, gerente da regional Sul da ABCP.
Ele recomenda que o produto seja comprado na quantidade para o uso do mês e não para estoque. “Cimento velho não oferece resistência. O prazo de validade dele é curto, de apenas três meses, porque tende a absorver a umidade relativa do ar com o tempo e começa a reagir.” Também é importante escolher um revendedor de confiança, orienta Paulo Niebel, da Vo­­­­­torantim Cimentos. “Por ser perecível, se não estiver bem armazenado irá hidratar e perder as propriedades aglomerantes.”
Obras em andamento
Na reta final da construção de dois sobrados, o advogado Alysson San­­ches relata que está seguro em relação ao andamento da obra. Um engenheiro e um arquiteto estão à frente da construção, em fase de reboco. “Só faço a compra do material. Eles é que orientam tecnicamente o trabalho, o que considero fundamental”, comenta.
O vendedor Dário Sant’anna está ampliando a um mês a casa onde mora. Ele não tem o auxílio de profissionais, mas revela que procura seguir as orientações do que é divulgado na área para obter sucesso. “Se não sei a pro­­­­­cedência do ci­­mento, presto atenção na qualidade, na validade. Não compro tudo de uma vez, para evitar desperdício.”

Cuidados simples ao comprar, armazenar e utilizar o produto evitam problemas graves e desperdícios na construção

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